Setembro Amarelo: um alerta sobre o aumento do suicídio entre jovens no Brasil.

Você também já teve a impressão de que todo mundo parece estar sempre feliz na mídia ou na internet? Esses espaços exibem “vidas perfeitas”, mas na verdade não é bem assim. Muitas vezes são só aparências, e uma prova disso é que o número de suicídio entre jovens e pessoas adultas continua muito alto.

É por isso que movimentos como o Setembro Amarelo continuam sendo tão importantes. Ele faz um alerta e promove a conscientização para que amigos e familiares de pessoas com tendência ao suicídio consigam identificar os sinais do comportamento suicida, levando ajuda antes que o ato seja concretizado.

Os jovens também assumem um comportamento característico quando existe a ideação suicida. É essencial que os pais e amigos percebam essas mudanças, e nós preparamos este post para que você aprenda a identificar quando um jovem está precisando de ajuda. Continue lendo para conferir.

Qual é a taxa de suicídio entre jovens?

Em junho de 2021, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou o relatório Suicide Worldwide in 2019. Nesse documento, ela mostra as taxas de suicídio entre jovens e pessoas adultas em todo o mundo.

Para que você tenha uma ideia de como esse assunto é relevante, todos os anos morrem mais pessoas vítimas de suicídio do que em função de guerras, homicídios ou doenças, como câncer de mama, malária e HIV.

Só no ano de 2019, mais de 700 mil pessoas se suicidaram, o que representa uma em cada cem mortes. No caso do suicídio entre jovens na faixa dos 15 aos 29 anos, essa foi a quarta causa de mortes, ficando atrás apenas de acidentes de trânsito, da tuberculose e da violência interpessoal.

O Setembro Amarelo é um movimento muito importante que traz esse alerta para que toda a sociedade possa voltar os seus olhos para as pessoas que sofrem em silêncio. Afinal, nem sempre elas conseguem pedir ajuda, e por isso é importante saber identificar quando estão necessitando de apoio.

Existem diversos fatores que podem motivar o suicídio entre jovens. Alguns deles são:

  • falta de expectativa para o futuro;
  • ausência de tratamento de saúde mental;
  • influência de filmes ou séries;
  • conflitos quanto à orientação sexual;
  • dificuldades no relacionamento entre pais e filhos;
  • impacto do universo digital e das redes sociais.

Nesse último caso, a cultura do cancelamento pode contribuir bastante para abalos na saúde mental. Ela ocasiona quadros de ansiedade e depressão em função da rejeição sofrida pelo indivíduo, muitas vezes levando à ideação suicida.

Como a cultura de cancelamento se relaciona com o suicídio?

 

As redes sociais não são um espaço tão democrático quanto parece ser. É bastante comum acontecerem os casos de cancelamento digital por causa da não aceitação e da intolerância quanto às diferenças, seja em função de crenças, opiniões e pensamentos, ou comportamentos e atitudes.

Quando determinado grupo não aceita uma pessoa como ela é, esse indivíduo passa a ser alvo de comentários maldosos, ofensas e cyberbullying. Há uma exclusão desse grupo, a perda de seguidores e amigos, fazendo com que a pessoa seja publicamente inferiorizada e rejeitada.

Em alguns casos, esse cancelamento digital é apenas uma forma de punição e acontece de modo temporário. Em outros, é exigido que haja uma mudança para que a pessoa seja novamente aceita no círculo em que estava. Isso também pode ser muito impactante porque ela precisa deixar de ser ela mesma e se adequar ao que os outros esperam.

A cultura de cancelamento provoca impactos muito grandes na saúde mental de quem vivencia essa experiência. Para um jovem, é muito difícil lidar com esse tipo de frustração e rejeição, o que pode desencadear um quadro de depressão, levando à intenção suicida.

O impacto das redes sociais

É válido ressaltar que, embora o cancelamento digital tenha tanto impacto na saúde mental dos jovens, as redes sociais podem trazer ainda outros prejuízos quando não são bem utilizadas. É o que acontece, por exemplo, quando há o vazamento de fotos ou vídeos íntimos.

Essa superexposição provoca constrangimento e leva a uma má fama, julgamentos, ofensas, piadas e reprimendas. Existe, ainda, a vergonha de encarar os familiares, os amigos e pessoas conhecidas. Mais um fator que provoca abalos para a saúde mental.

Como explicamos na introdução, as redes sociais também costumam pintar vidas perfeitas, pessoas bonitas, alegres e bem sucedidas. Aqueles que veem tudo isso, que muitas vezes é uma encenação de sucesso, podem sentir frustração por não conseguirem estar no mesmo patamar.

Para os jovens pode ser difícil aceitar a própria realidade, ou mesmo sua aparência, vislumbrando um mundo tão glamoroso. Se sentem como o patinho feio da história infantil, totalmente deslocados, sem compreender que nem tudo o que acontece ali é de fato real. Mas o impacto para sua autoestima e autoconfiança já aconteceu.

Quais são as características do comportamento suicida?

Como você viu, existem vários fatores que podem influenciar os casos de suicídio entre jovens, mas um fato que precisamos ter sempre em mente é que pessoas com intenção suicida estão vivenciando algum tipo de dor e precisam de ajuda.

No Setembro Amarelo acontece uma grande conscientização também nesse sentido, explicando que os problemas de saúde mental não são frescura, como muitos acreditam, e que a depressão é um tipo de doença que precisa de tratamento e de apoio.

Existem alguns sinais que ajudam a identificar o comportamento suicida. Em relação aos jovens, é importante sempre ter atenção a esses comportamentos sabendo identificar quando eles deixam de ser característicos da adolescência, ultrapassando os limites daquilo que é esperado para essa faixa etária.

Sendo assim, os pais, familiares e amigos precisam observar com cautela quando um jovem está apresentando uma determinada mudança de comportamento, para dar abertura a um diálogo, entender o que está acontecendo e oferecer a ajuda necessária.

A seguir, listamos alguns desses comportamentos que podem ser percebidos em jovens com ideação suicida.

Mudanças de comportamento

 

Nesse caso, estamos falando das mudanças de comportamento muito significativas, quando já não conseguimos reconhecer o jovem. Por exemplo, aquele que antes era brincalhão e muito risonho, passa a ser introvertido, tristonho e ausente.

Também pode acontecer uma agressividade e irritabilidade para quem antes era carinhoso e atencioso. Isso muitas vezes em relação a pequenos desentendimentos ou fatos corriqueiros. São alterações que fogem ao padrão normal de comportamento do jovem e não condizem com sua personalidade.

Envolvimento com álcool ou drogas

 

O álcool e as drogas agem como um tipo de válvula de escape, que permite à pessoa, por alguns instantes, fugir da sua própria realidade, esquecendo de si mesma e dos seus problemas. Por isso, quando existe o risco de suicídio entre jovens pode acontecer um envolvimento com essas substâncias.

Além disso, uma pessoa com intenção suicida não se preocupa com sua própria integridade, e existe uma tendência inconsciente de buscar meios que venham agredir a si mesma. O álcool e as drogas são dois desses meios que provocam a autodestruição e levam à morte de uma forma lenta.

Isolamento social

Um jovem com problemas também pode escolher passar mais tempo sozinho. Ele troca a companhia dos familiares, e até mesmo dos amigos, pela solidão. Recusa passeios, festas e pode não querer mais ir à escola, faculdade ou trabalho.

Isso acontece porque acaba se fechando para dentro de si mesmo, se isolando em seu próprio mundo. Sente dificuldade para lidar com as demais pessoas, e todas as situações rotineiras parecem muito desafiadoras. Ele não sabe como agir, reagir e nem o que fazer.

Muitas vezes isso pode ser confundido pelos outros com preguiça ou com falta de interesse e irresponsabilidade. No entanto, o jovem não faz de uma forma voluntária. Esse isolamento é um mecanismo inconsciente de defesa.

Tristeza excessiva

Os casos de suicídio entre jovens estão muito relacionados com a depressão, sendo assim, um dos comportamentos típicos é a ocorrência de uma tristeza excessiva. Ela vai além dos períodos de melancolia que muitas vezes os adolescentes podem experimentar por causa dos conflitos dessa faixa etária.

Aqui não se trata de um quadro passageiro, mas de estar profundamente triste, sem conseguir se animar com mais nada. Todas as atividades que antes eram prazerosas já não têm mais sentido, e o jovem nem mesmo consegue explicar por que está triste.

Falta de interesse e cuidado consigo mesmo

Você se lembra que explicamos que uma das características do comportamento suicida é a falta de preocupação com a própria integridade? Existe a tendência para a autodestruição, sendo assim, o jovem não se preocupa mais com cuidados até mesmo básicos.

Não se importa com o tipo de roupa que está vestindo, com a própria higiene e com a aparência. Deixa de cuidar dos cabelos, por exemplo, o que pode ser classificado por algumas pessoas como desmazelo, mas é apenas o reflexo da confusão interna que ele está vivenciando.

Esse descuido se estende para a própria saúde. Aqueles que fazem algum tipo de tratamento ou que utilizam remédios podem negligenciar tudo isso. Ocorre a falta de apetite, o desinteresse pela comida, pulando as refeições ou mesmo passando o dia sem comer.

Baixo desempenho nos estudos

 

Os estudos também deixam de ser interessantes quando existe o risco de suicídio entre jovens. Afinal, se a pessoa que precisa de ajuda não sente mais prazer nem mesmo com atividades de lazer, quem dirá com aquilo que pode ser considerado como uma obrigação.

Já não existem mais planos para o futuro, portanto, não há necessidade de se preocupar com as atividades da escola ou da faculdade. O jovem pode faltar às aulas, não entregar trabalhos, tirar notas ruins nas provas, cortar o relacionamento com os colegas, entre outros comportamentos que causam afastamento da instituição de ensino.

Mudanças bruscas nos padrões de sono e alimentares

 

Os transtornos mentais que se relacionam com os casos de suicídio entre jovens também vão provocar mudanças fisiológicas que alteram os padrões de sono e alimentares. Assim, esses são sinais importantes que precisam ser analisados.

O jovem pode dormir mais do que de costume, seja durante a noite ou também ao longo do dia; ou o caso contrário, ter quadros de insônia e até mesmo passar a noite inteira acordado. Isso vai atrapalhar as demais atividades no dia seguinte, reduzindo sua disposição e desempenho.

Em relação ao padrão alimentar, pode ser que ele recuse fazer as refeições, conforme já explicamos; mas os casos de ansiedade podem promover um efeito contrário, fazendo com que a pessoa acabe descontando na comida e comendo mais do que de costume.

Tentativa de solucionar problemas ou desentendimentos

 

Muitas vezes pessoas com comportamento suicida querem solucionar possíveis problemas que tenham ficado tendentes. O jovem pode procurar amigos ou familiares com quem tenha discutido e rompido relações para uma tentativa de reconciliação.

Existe essa preocupação de não deixar nenhuma ponta solta, o interesse em deixar tudo resolvido para poder encerrar a própria vida. Portanto, essa preocupação com problemas ou situações do passado são um sinal de alerta muito importante.

Frases e ameaças

 

Há quem acredite que quando uma pessoa começa a fazer ameaças dizendo que vai se matar ela está apenas tentando chamar a atenção, mas isso não é verdade. Essa pretensão de fato existe e essas frases e ameaças são como um pedido de ajuda.

Também pode ser que o jovem diga que já está cansado da própria vida, que gostaria de morrer, que queria sumir para sempre, que já não aguenta mais, não sabe por que existe e que ninguém sentiria falta dele. Todas essas expressões são típicas de um comportamento suicida.

Durante o Setembro Amarelo existe uma movimentação mais intensa para conscientizar a todos sobre a incidência de suicídio e a importância de quem está ao redor identificar esses sinais suicidas, oferecendo ajuda no momento certo, acolhendo e dando apoio para aquele que sofre.

No entanto, o suicídio pode acontecer em qualquer época do ano e precisamos estar cientes disso, fazendo a prevenção e tendo atenção ao comportamento do jovem. É essencial evitar a reprimenda e os julgamentos para tentar entender aquilo que está acontecendo com ele, afinal, somente cada um sabe a intensidade da sua dor.

Falar sobre suicídio entre jovens é fundamental, inclusive fazendo um alerta para eles mesmos, a fim de que compreendam que buscar ajuda é um ato de coragem para enfrentar a dor e os problemas que estão acontecendo. Demonstrar empatia faz toda a diferença para que eles não se fechem ainda mais.

Faça sua parte para ajudar no combate ao suicídio entre os jovens. Compartilhe essas informações em suas redes sociais e alerte outras pessoas.

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